Roaming internacional: por que é tão caro (ou era)?
Você já viajou para outro país e levou um susto ao ver a conta do celular? O roaming internacional – a capacidade de usar seu plano de telefonia fora do país de origem – já foi sinônimo de custos exorbitantes. Mas por que era tão caro? Como funcionam as tarifas de roaming e o que mudou nos últimos anos?
Neste artigo, vamos explorar a economia por trás do roaming, os motivos dos preços elevados e como as novas regulamentações e tecnologias estão transformando esse mercado.
1. O Que é Roaming Internacional?
Roaming é o serviço que permite que seu celular funcione em redes estrangeiras quando você viaja. Ele funciona assim:
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Seu celular se conecta a uma rede local (ex.: uma operadora na França).
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A operadora estrangeira cobra sua operadora original pelo uso da rede.
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Sua operadora repassa esse custo a você – muitas vezes com uma margem de lucro.
Esse processo envolve acordos comerciais entre operadoras, taxas de interconexão e custos logísticos que justificam (em parte) os preços altos.
2. Por Que o Roaming Era Tão Caro?
1. Custos de Interconexão entre Operadoras
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Operadoras estrangeiras cobram taxas de wholesale (atacado) para permitir o uso de suas redes.
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Esses valores eram (e em muitos lugares ainda são) extremamente altos, especialmente em países com pouca concorrência.
2. Falta de Regulação Global
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Diferente das chamadas nacionais, o roaming não tinha padrões internacionais de preço.
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Operadoras podiam cobrar o que quisessem, levando a abusos como:
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€15/MB em dados móveis (antes da UE regulamentar).
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US$3/min para receber ligações no exterior.
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3. Modelo de Negócios "Lock-in"
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Muitas operadoras não queriam que clientes usassem redes concorrentes, então desencorajavam roaming com preços altos.
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Algumas até bloqueavam SIM cards estrangeiros para forçar compra de chips locais.
4. Dificuldades Técnicas e de Infraestrutura
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Manter acordos de roaming com centenas de operadoras no mundo exigia complexidade técnica e administrativa.
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Custos eram repassados ao consumidor final.
3. O Caso da Europa: Como a Regulação Mudou o Jogo
Em 2017, a União Europeia (UE) aboliu as tarifas de roaming entre seus países-membros. Isso significou:
Sem custo adicional para usar minutos, SMS e dados dentro da UE.
Mesmo valor pago no país de origem.
Impacto:
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Redução de até 90% nas reclamações sobre roaming.
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Aumento no uso de dados por turistas.
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Pressão para outras regiões (como América Latina) adotarem medidas similares.
4. Por Que o Roaming Ainda é Caro Fora da UE?
Mesmo com avanços, o roaming continua caro em muitos países, especialmente:
EUA e Canadá
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Planos muitas vezes não incluem América do Norte (ex.: cobram US$10/dia por roaming).
Ásia e África
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Alguns países ainda têm tarifas extremas (ex.: US$20/MB em dados).
América Latina
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Mercosul discute roaming livre, mas ainda há taxas altas entre Brasil, Argentina e outros.
Motivos:
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Falta de acordos regionais como na UE.
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Operadoras locais resistem por medo de perder receita.
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Infraestrutura limitada em alguns países aumenta custos.
5. Alternativas Para Evitar Custos Altos
Se o roaming tradicional ainda é caro, quais são as opções?
1. Chip Local (Pré-pago)
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Comprar um SIM no destino (custa ~US$10-30 com dados).
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Prós: Preço justo.
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Contras: Perder seu número original.
2. eSIM (Chip Digital)
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Apps como Airalo oferecem pacotes de dados internacionais sem troca física.
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Prós: Conveniente, ativação instantânea.
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Contras: Ainda não suporta voz/SMS em todos os casos.
3. Roaming de Dados (Day Pass)
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Operadoras como TIM, Claro e Vivo oferecem diárias (ex.: R$30/dia para usar seu plano no exterior).
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Prós: Mantém seu número.
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Contras: Pode sair caro em viagens longas.
4. Wi-Fi e VoIP (WhatsApp, Skype)
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Usar Wi-Fi em hotéis/cafés para chamadas e mensagens.
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Prós: Grátis.
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Contras: Depende de conexão estável.
6. O Futuro do Roaming: Mais Barato ou Extinto?
Tendências que devem moldar o roaming nos próximos anos:
Fim do Roaming na América Latina?
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Mercosul planeja eliminar taxas até 2030 (mas avanço é lento).
eSIM e Operadoras Globais
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Empresas como Google Fi já oferecem dados em 200+ países sem custo extra.
5G e Redes Virtuais (MVNOs)
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Novas operadoras virtuais podem oferecer roaming embutido a preços baixos.