Quem foi Hedy Lamarr, a inventora das redes Wi-Fi?


icone facebook icone twitter icone whatsapp icone telegram icone linkedin

Quem foi Hedy Lamarr, a inventora das redes Wi-Fi?

A internet Wi-Fi e a conexão Bluetooth, duas das tecnologias mais importantes nos dias de hoje, só saíram do papel graças a uma mulher judia que se refugiou nos Estados Unidos. Hedy Lamarr, que morreu em 2000 aos 85 anos, além de ser uma renomada atriz do começo do século passado, era também inventora. Ela desenvolveu o sistema de salto em frequência, planejado originalmente para guiar torpedos submarinos usando sinais de rádio.

Esse sistema é a base para o espectro de propagação de salto de frequência (FHSS, na sigla em inglês), que é amplamente usado em aparelhos de comunicação sem fio. Nele, o sinal de rádio "salta" de um canal para o outro de forma aleatória e sem perder a conexão. Assim, o sinal sofre menos risco de interferência e de congestionamento, além de tornar mais difícil a interceptação.

Origem e família

Nascida na Áustria em 1914, Hedwig Eva Maria Kiesler já mostrava interesse em máquinas e invenções na infância. Mas, por influência da mãe pianista, embarcou no mundo das artes durante a adolescência. Em 1930, aos 16 anos, fez sua primeira participação em um filme. Em 1933, com 18 anos, estrelou o controverso longa-metragem Ecstasy, tido como o primeiro na história a exibir uma cena de orgasmo.

Naquele mesmo ano, Hedy se casou com Fritz Mandl, um dos homens mais ricos da Áustria. Mandl era dono de uma fábrica de armamentos e tinha ligações com o governo nazista, que acabara de chegar ao poder. Como esposa dele, Hedy parou de atuar e viveu prisioneira dentro de casa, segundo suas próprias palavras.

Em 1937, insatisfeita com o casamento e com os rumos do país, ela fugiu da Áustria para Londres, na Inglaterra. De lá, ela partiu para os EUA, onde retomou a carreira de atriz de cinema. Em Hollywood, ela adotou o nome artístico Hedy Lamarr, em homenagem à falecida atriz Barbara La Marr. Em pouco tempo, ela contracenou com grandes nomes da época, como Clark Gable e Judy Garland e, anos depois, ganharia uma estrela na Calçada de Fama de Los Angeles.

Apesar do sucesso nas telonas, a situação da guerra ainda a preocupava, sobretudo porque a mãe ainda estava na Áustria. Por isso, Lamarr aliou seu conhecimento sobre armas, por conta do casamento com Mandl, com seus conhecimentos artísticos para ajudar a encerrar o conflito.

Hedy Lamarr e suas invenções

Em 1940, durante uma festa, ela conheceu o compositor George Antheil. Segundo a história conta, enquanto tocavam juntos algumas músicas ao piano, Lamarr teve a inspiração para a tecnologia do sistema de salto de frequência: enquanto o "transmissor" Antheil tocava os primeiros acordes, a "receptora" acompanhava logo em seguida.

A ideia de manter a sincronia mesmo com ambos tocando teclas diferentes foi transplantada para a tecnologia de torpedos submarinos. Na época, esse tipo de armamento era controlado por sinais abertos de rádio. Para conter os ataques, a marinha alemã provocava congestionamento na frequência usada na comunicação dos submarinos, causando perda de conexão.

Já com o sistema concebido por Lamarr, o sinal fica "pulando" de um canal para o outro, tornando-o imune a essa estratégia de defesa. Se fosse implementada, essa tecnologia colocaria as forças aliadas em grande vantagem.

O sistema de salto em frequência chegou a ser patenteado em 1942, mas não foi usado durante a Segunda Guerra Mundial. O fato de Lamarr ser uma jovem mulher famosa pesou para que o alto comando dos EUA simplesmente ignorasse suas ideias. Além disso, a tecnologia para implementar o sistema era avançada demais para a época. Anos depois, a patente expirou e Lamarr não ganhou nenhum dinheiro com ela.

O sistema acabou sendo usado militarmente, mas a tecnologia abriu diversas portas para o uso civil e permitiu a criação de tecnologias de comunicação como GPS, Bluetooth e Wi-Fi.

Nesse meio tempo, Hedy Lamarr abandonou a carreira de atriz nos anos 60 e viveu um período de reclusão nas décadas seguintes. Ela não se encontrava pessoalmente nem com seus próprios filhos. Em 1997, enfim ela e George Antheil foram reconhecidos pela criação do sistema de comunicação sem fio com o prêmio EFF Pioneer Award, o Oscar da Invenção nos EUA. No ano seguinte, recebeu o prêmio Viktor Kaplan do governo austríaco por sua contribuição para a ciência.

Após sua morte, em janeiro de 2000, ela recebeu diversas homenagens póstumas, como um Doodle na homepage do Google em 2015, que marcou seus 101 anos de nascimento. A atriz e inventora também teve asteroide batizado com seu sobrenome artístico.

Fonte: Techtudo


« Voltar