Velho demais para jogar? Eles te provam que não


icone facebook icone twitter icone whatsapp icone telegram icone linkedin

Velho demais para jogar? Eles te provam que não

Existe um limite máximo de idade para que uma pessoa possa jogar videogame? Idosos jogando online ou trabalhando com games são estranhos? Se estas perguntas soaram de forma absurda para você, é porque elas realmente são. Encarado por alguns como profissão e por outros como apenas um passatempo, os games além de divertir também podem estimular o raciocínio, habilidades físicas e socialização.

Independentemente da idade, existem inúmeras atividades que uma pessoa pode fazer (de maneira saudável e respeitando seus próprios limites) que eventualmente trarão benefícios que vão além de uma recomendação médica, por exemplo. Falando especificamente de jogos eletrônicos e idosos, vários estudos já consideram os games como forma de complemento para estimular o desenvolvimento físico, cognitivo ou mesmo como auxílio na socialização de pessoas com mais de 60 anos.

As contribuições dos games para os idosos

Ana Lucia Nakamura, pesquisadora de jogos digitais e não digitais com idosos, afirma que há inúmeras pesquisas nacionais e internacionais comprovando as contribuições dos jogos para as várias faixas etárias. “Especificamente para os idosos, além da manutenção e melhora cognitiva, os benefícios dos games reverberam positivamente em outros aspectos, que ajudam a manter a mente ativa”, conta Nakamura que é formada em Ciência da Computação pela UNIP (Araraquara-SP) e pós-graduada no Mestrado (2015) e Doutorado (2020) pela PUC-SP, no Programa de Tecnologias da Inteligência e Design Digital.

Os games podem gerar os seguintes estímulos, segundo a pesquisadora:

Físico

Os jogos que envolvem uma movimentação mais ampla para jogar, como os exergames, ajudam na recuperação de funcionalidades, de movimentos, melhorias em equilíbrio, marcha, prevenção de quedas, entre outros.

Emocional

Melhorias no humor, afeto, autoestima, autoconfiança, diminuição de ansiedade e nos sintomas de depressão e solidão, etc.

Social

O jogo, neste aspecto social, abre caminhos para a socialização, aumenta as interações sociais, a inclusão, incentiva a autonomia, cria e fortalece os vínculos.

Além do lado terapêutico que os jogos podem ter, não substituindo tratamentos indicados por médicos, mas como complementos, há um público mais velho que curte games apenas por gostar, como qualquer outra pessoa mais nova, até mesmo participando de times online, criando um canal no YouTube, ou fundando sua própria empresa graças à paixão pelos games.

Como um hobby se tornou uma empresa

E por falar em pessoas que transformaram o passatempo dos jogos em profissão, ou melhor, na própria empresa, o paulista Claudio Almeida, de 62 anos, começou a carreira trabalhando com publicidade, mas acabou tendo um contato bem mais próximo com o mundo dos games quando resolveu mudar de área e ir trabalhar na Brasoft, uma empresa de softwares.

“Lá tive meu primeiro contato com jogos eletrônicos. A Brasoftware foi a primeira empresa a comercializar jogos para computador no Brasil”, explica Claudio ao Tecnoblog. “Havia um departamento de games, com vários jogos que eles prospectavam antes de lançar. Eu, como sempre estava acostumado a trabalhar até tarde, herança dos tempos de publicidade, ficava no escritório depois do horário. Comecei então a jogar os games que eles tinham para passar o tempo.”

Claudio destaca que sua passagem pela Brasoft aconteceu por volta da década de 1990. De lá para cá, ele não largou mais os games e afirma que joga quase qualquer coisa, “menos jogos de azar” – como ele faz questão de deixar claro. A lista de games já jogados é extensa, mas ele fez questão de destacar alguns com os quais começou o hobby, como: Indy 500, Grand Prix, Indiana Jones and the Last Crusade, Red Baron, Lakers & Celtics, 688 Sub, entre outros.

“Sem ser para PC, lembro de ter jogado (pouco) Ocarina of the Time, no Nintendo 64, e o Gran Turismo, no PlayStation 2. Bem mais tarde, por volta de 2006/07, comecei a jogar GTA 4, no Xbox, e mais tarde ainda (2017) voltei ao Zelda no Switch, com The Legend of Zelda: Breath of the Wild”, lista o empresário.

CLAUDIO ALMEIDA, 62 ANOS, EMPRESÁRIO

“Logo que comecei a jogar eu adorava games de aventura, porque peguei a fase áurea da Lucas Games. Também achava que não gostava de jogos de tiro, por achar muito simples. ‘É só atirar e pronto!’, pensava eu. Mas quando descobri Doom, meu conceito mudou completamente, lembro claramente da sensação que senti e falava: ‘nossa eu sou o Rambo!’ Hoje em dia adoro esse gênero”, recorda.

Outra lembrança que Claudio guarda com carinho é a de realizar partidas multiplayer de Unreal Tournament com amigos e amigos de seu filho também. “Éramos umas cinco ou seis pessoas, cada uma com o seu PC e monitor. Montávamos uma verdadeira lan house num apartamento de 64m² (nem eram laptops na época) e passávamos o fim de semana jogando.”

O hobby pelos games sempre teve muito a ver com a vida profissional de Claudio. E a Quoted, empresa que criou, surgiu de uma necessidade que ele notou ao jogar e imaginar como alguns games ficariam, se fossem traduzidos para português do Brasil. “Inicialmente, eu pensava em como eu traduziria um nome de item, de magia, uma tela, etc. Após sair da Brasoft, estava desempregado e me ofereci para traduzir todos os manuais do SimCity 2000, claro que não de graça, mas por um preço que envolvia a minha chance de tentar fazer o que sempre quis”, conta.

Claudio foi ganhando experiência na área de localização quando começou a trabalhar como tradutor freelancer de manuais, embalagens e dos próprios jogos. Daí foi um pulo para criar a própria empresa e começar a atender clientes dessa área. A Quoted, que iniciou suas atividades em 1999, oferece serviços de tradução e localização de games, entretenimento e tecnologia. “Nosso primeiro cliente foi nada menos que a EA do Brasil”, destaca Claudio com orgulho.

Algumas pessoas, especialmente as mais novas, às vezes veem com surpresa quando alguém mais velho diz que gosta de jogar e até trabalha com games. A respeito disso, Claudio conta que já passou por várias situações curiosas. “Sempre quando estamos conversando seja com clientes, fornecedores, ou até mesmo gente da área de marketing, as pessoas se surpreendem quando alguém me apresenta como o responsável por estarmos ali. Que sou um dos que mais joga que eles conhecem”, explica. “Acho que, infelizmente, para as pessoas mais jovens é muito difícil acreditar que alguém de 62 anos joga tanto ou mais que eles.”

E por mais “estranheza” que idosos que amam jogos eletrônicos ainda possam causar a alguns jovens, não é tão difícil quanto parece encontrar mais e mais pessoas acima dos 60 anos, ou chegando lá, que têm nos games uma paixão e fonte de distração. E olha que nem precisa chegar a ponto de trabalhar diretamente com isso. Quer mais exemplos? Então conheça a Lucimar e o Paulo, a seguir.

Uma paixão por Dota 2 

A aposentada e moradora de Santos (SP) Lucimar Moita Figo, de 61 anos, conta ao Tecnoblog que seu interesse pelos games começou na juventude, quando jogava fliperama, Galaga, Tetris, Pac-Man e Donkey Kong. “Depois, por volta de 2003/2004, meu sobrinho, que morava na mesma casa que eu, ganhou do pai um PlayStation 2 e aí tive contato com GTA San Andreas e outros jogos”, explica.

No entanto, foi só em 2016 que Lucimar teve o primeiro contato com sua grande paixão: Dota 2.

“Desde então, não parei mais de jogar! Dota 2 é o game que mais jogo. Me aventurei por outros tipos de jogos, mas o MOBA é o estilo que mais gosto. Gosto de RPG de mesa também, apesar de só ter jogado uma vez, mas adorei”, destaca a aposentada que também gosta de jogos de tiro, como Call of Duty: Mobile, onde faz parte de um clã.

Fonte: Tecnoblog


« Voltar